Desde o Renascimento até a invenção da fotografia, a gravura foi o principal método de documentação da realidade e reprodução de imagens, permitindo a difusão de livros ilustrados e obras primas da pintura, enquanto servia como meio expressivo para a criação artística.
Relevo timbrado
É a técnica que consiste em realizar uma série de incisões sobre uma superfície ou matriz, que ao receber tinta, se aplica sobre um papel ou material similar para obter-se uma imagem. Permitindo a partir da matriz, vários exemplares idênticos.
A gravura em entalhe sobre chapa metálica, é o sistema, em que a área talhada recebe tinta e se imprime depois para dar a imagem.
Na gravura a buril ( instrumento formado por uma lamina de aço temperado, própria para traçar linhas e abrir sulcos, usado para trabalhos de gravação em metal, madeira, pedra e outros) o artista talha diretamente o metal, com o buril.
A intensidade da cor e do relevo depende da profundidade e da largura da incisão.
Quando é utilizado o cobre, denomina-se gravura em talho doce, mas para trabalhos comerciais é utilizada uma chapa de ferro.
A impressão é feita com prensa ( tipo balancim) que ao bater sobre o papel com força de 12 toneladas, deixa a imagem da matriz, com tinta e com relevo.
Um pouco de história deste trabalho
A gravura em placa metálica surgiu a partir dos ourives, que costumavam empregar o buril em seus trabalhos.
As primeiras gravuras foram feitas na Alemanha, e mais tarde em Florença, Itália, onde o ourives Tommaso Finiguerra (1426/1464 – ourives, escultor e pintor , conhecido por seus trabalhos decorativos em nigelo, é uma composição negra metálica, formada por enxofre adicionado a prata, cobre e chumbo. Utilizada no preenchimento de um desenho feito por meio da incisão no metal) trabalhou com o artista florentino Antonio di Jacopo Pollaioulo – 1432/1498 ) dedicou-se à chamada gravura em talho-doce, sobre cobre.
Artistas como Pollaioulo e Andrea Mantegna ( 1431/1506 – pintor italiano, primeiro representante do Renacentismo no norte do país iniciando uma tradição na decoração de afrescos) adotaram o trabalho a buril e realizaram obras em estilo mais próximo ao do desenho, com traços paralelos e ordenados.
Na Alemanha o grande mestre da gravura em entalhe foi Martin Schongauer (1445/1491 – pintor e gravador alsaciano, autor de grandes afrescos para a catedral de Breisach. Influenciou Dürer com suas gravuras), cujas obras se caracterizaram pelo detalhismo e por um estilo de composição quase barroco.
Desde o século XVI a gravura a buril passou a ser utilizada em Roma para copiar obras pictóricas importantes, como fez Marcantonio Raimondi (1480/1534 – gravador italiano, mais célebre copista de arte do país, reproduziu gravuras, desenhos e esboços dos grandes artistas da época, como Rafael e Miguelangelo), que assimilou os encinamentos dos gravadores alemães e se concentrou na cópia de quadros de Rafael, o que favoreceu a difusão da estética classista.
O holandês Cornelis Cort(1536/1578, gravador holandês, nasceu em Horn, na Holanda, e estudou gravura com Hieronymus Cockx de Antuérpia) criou instrumentos novos e mais precisos para sua arte. Estabeleceu uma escola de gravura em Roma e reproduziu obras de Ticiano. Na Itália, ele era conhecido como Cornélio Fiammingo.
Os últimos anos do século XVII, a gravura a buril converteu-se em disciplina acadêmica, rigidamente regulamentada.
No Brasil esta arte se tornou comercial (papelaria empresarial – cartões, papel de carta, envelopes, etc) e esta em vias de extinção ( a partir da década de 90) por causa da informatização (rapidez e baixo custo). Porém a parte estético/artística não morreu.
Então depois de ser um gravador comercial eu me dedico a gravar artisticamente, produzindo vários objetos para um público que aprecia a arte.